SOMOS ÁTOMOS DE DEUS

SOMOS ÁTOMOS DE DEUS

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

EU CREIO... EU NÃO CREIO


EU CREIO... EU NÃO CREIO.
Fernando Gondim - Teólogo.


EU NÃO CREIO...
Não creio no Deus dos poderosos (Jd 9, 11 a), no Deus dos ricos e orgulhosos (Gn 47,13 – 26), no Deus das riquezas injustas (Mq 6, 10 – 12), no Deus dos que roubam e exploram os trabalhadores (Eclo 34, 18 – 23) e por isto enriquecem (1 Rs 5 - 7). Não creio no Deus de cabelos loiros e de olhos azuis, como os ícones que vemos nos vitrais de algumas igrejas, ou como um homem vencido, morto e pendurado em uma cruz. Não creio no Deus das orações pomposas, e vazias (Is 1, 10 – 20), no Deus das celebrações oficiais (Am 5, 21 – 24), no Deus das “autoridades civis, militares e eclesiásticas”, que não questiona o opressor, mas lhe dá legitimidade (Br 6, 29 – 39). Não creio no Deus dos que mantêm o direito da força (Jr 6, 14), da repressão, da injustiça (Sb 2, 10 – 12), da indústria da fome, das ideologias dominantes ... do acúmulo do capital (Eclo 27, 1 – 2).  Não creio no Deus positivista, capitalista, ou de outros sistemas humanos, que aceita a exploração dos pobres em seu nome (Jr 5, 27 – 28), “(...) ficando os ricos cada vez mais ricos, à custa dos pobres cada vez mais pobres”. (João Paulo II.)
CREIO ...
Creio no Deus libertador (Ex 3, 7 – 10) que se revelou ao homem dentro da história de um povo pobre e oprimido, mas libertando-o. Creio no Deus cujo projeto é de vida e liberdade (Ex 16, 9 – 21) para todos os que o aceitam (Is 35, 1 – 10). Creio no Deus que fica contra o latifúndio (1 Rs 21), e contra a acumulação de bens às custas dos mais fracos (Mq 2, 1 -2). Creio no Deus que não aceita o luxo de poucos em detrimento da miséria da maioria (Am 8, 4 – 8). Creio no Deus que ama o DIREITO e a JUSTIÇA (Jr 9, 22 – 23) e detesta o roubo e a injustiça (Is 61, 8). Creio no Deus que é santo e revela sua santidade pela justiça (Is 5, 16). Creio no Deus cuja Palavra se fez carne no homem Jesus (Jo 1, 14), por meio de uma mulher pobre e corajosa (Gl 4,4). Creio no Deus que assumiu a plena condição humana (Jo 13, 4 – 15), sem romper com o projeto do Pai (Fl 2, 6 – 11). Creio no Deus de amor, misericórdia, paz, um Deus de partilha, de justiça e de direito (Dt 32, 4), e assim julgará as nações (Mt 23, 35 – 46). Creio no Deus  que por sua práxis, sua coerência com o Reino de Deus (Mt 23,23), seu amor pela causa dos empobrecidos (Lc 7, 18 – 23)  foi assassinado pelo sistema opressor de sua época, mas sem capitular (At 4, 8 – 12). Creio no Deus que venceu a morte e os sistemas injustos e opressores (Is 65, 17 – 25), ressuscitando o homem fiel e justo, JESUS CRISTO (Mt 28), seu filho, sua palavra revelada no meio dos mais pobres. Enfim, o Deus em que creio é     ה  ו  ה  י, JAVÉ, o Deus libertador de todas as opressões humanas (1 Sm 2, 2 – 10), que sustenta o pobre que se organiza (Sl 12, 6) e luta pela vida que é o próprio Deus (Jo 14, 6 a). Creio no Deus que se manifesta no meio dos homens, com seu projeto de equidade, partilha e contra a acumulação (Ex 16, 19; Mt 6, 11); que se manifesta mesmo naqueles que nunca ouviram falar em seu nome, mas que praticam a justiça (At 10, 34 – 35). E como Pedro, homem simples e trabalhador, confesso: “É preciso obedecer antes a Deus do que aos homens”. ( At 5, 19).

“Um Deus que não se preocupa com a opressão e o sofrimento do povo é um Deus em quem eu não acredito”. (Desmont Tutu, bispo negro e anglicano da África do Sul)


sábado, 10 de janeiro de 2015