SOMOS ÁTOMOS DE DEUS

SOMOS ÁTOMOS DE DEUS

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

EVOLUÇÃO HUMANA (vídeo)

http://www.youtube.com/watch?v=j7imtcWdHIA

PAGANISMO

PAGANISMO



    Etimologia
O primeiro registro histórico da palavra data do IV século a. C. e deve-se aos judeus que distinguiam entre judeus e não-judeus, ou os que não cultuavam Yahweh, viviam sem a Torá e conduziam uma vida desregrada. O termo teve origem na necessidade de os judeus construirem uma identidade e uma nação que excluisse todos os que não respeitavam a Lei [1]. Patriarcado é uma palavra herdada da cultura judaica e derivada do grego pater, e se refere a um território ou jurisdição governado por um patriarca; de onde a palavra pátria. Pátria relaciona-se ao conceito de país, do italiano paese, por sua vez originário do latim pagus, aldeia, donde também vem pagão. País, pátria, patriarcado e pagão tem a mesma raiz [2].
Nos estudos académicos acerca do Paganismo, têm sido discriminados alguns conceitos de referência:
Paleopaganismo
Incluem-se neste conceito as religiões do antigo Egipto, do mundo greco-romano da Antiguidade Clássica, a antiga religião dos celtas (Druidismo), a religião Norse ou mitologia nórdica, Mitraísmo, bem como as religiões das populações Nativo-americanos, como a religião Asteca, etc.
Neopaganismo
Crenças e práticas religiosas de grupos de pessoas que na actualidade pretendem ligar-se à Natureza através da recuperação das antigas religiões pagãs.
  
Características Culturais
Na Europa há um tronco da religiosidade pagã, com as suas ramificações germânicas e célticas, que se mostra linear quanto a algumas características:
A sua raiz paleolítica, dos tempos de grupos nomadas de caçadores-colectores, a principal característica é uma forte ligação à terra, à Natureza, tida como sagrada e viva.
A sua origem matriarca, há um sentimento de corresponsabilidade entre todos os membros da comunidade, ligados por laços de parentesco a uma ancestral comum.
Esse sentimento de ancestralidade é partilhado também com a Natureza e particularmente com os seres vivos, levando a um fundamental respeito a todas as formas de vida e existência.
Por isso, a cultura Pagã tem uma relação mágica com a Natureza.
Noção cíclica do tempo, a partir da ciclicidade dos fenómenos naturais (estações do ano, lunação, movimentos do sol, etc), em contraste à noção linear das culturas de matriz abraâmica.
O consequente sentimento de profunda responsabilidade e parceria com a Natureza, tornando os humanos corresponsáveis pela continuidade do círculo.
O que, por outro lado, também leva a um profundo respeito pelos antepassados, que sacrificaram suas vidas para que a comunidade continue a existir.
Desenvolvimento de uma medicina natural, baseada nas qualidades curativas das ervas, e xamânica, baseada no poder fértil da Natureza e na relação mágica com a realidade.
Havendo uma enorme diversidade entre as muitas religiões pagãs no mundo, estas características ilustram apenas as mais significativas ramificações europeias.

 Religiosidade
Dos pontos comuns a todas as sociedades da Cultura Pagã, surgem as características das religiões pagãs, ou seja, dos esquemas que dão forma e concretude à espiritualidade pagã. Talvez possamos listar, com pouca margem de erros, as seguintes:
Talvez a principal característica da religiosidade pagã seja a radical imanência divina, ou seja, a divindade se encontra na própria Natureza (o que inclui os humanos), manifestando-se através dos seus fenómenos.
A ausência da noção de pecado, inferno e mal absoluto. Como a relação com os deuses é sempre pessoal e directa, a ideia de uma afronta à divindade é tratada também pessoalmente, ou seja, entre o cidadão e a Divindade ofendida. Assim, sem noção de pecado, também não há noção de inferno.
A sacralidade da Terra também levou à ausência de templos, o que, no entanto, não impede a noção de Sítios Sagrados, em geral bosques, poços ou montanhas. Templos Pagãos são um desenvolvimento muito posterior.
A imanência dos deuses e a ideologia da ancestralidade divina, confere à divindade características antropomórficas e as relações tendem a ser estreitadas ao longo da vivência religiosa.
O calendário religioso se confunde com o calendário sazonal e agrícola, o que lhe confere um carácter de fertilidade. Portanto, as festividades acontecem nos momentos de mudança e auge de ciclos naturais.
Essas relações pessoais humanos/deuses, leva à ausência de dogmatismos ou estruturas religiosas padronizadas, havendo, pois, uma grande liberdade de culto: cada cidadão tem liberdade de cultuar dos Deuses em sua casa, da forma que desejarem. Basicamente, é uma religiosidade doméstica ou de pequenos grupos com laços de sangue ou de compromisso. No entanto, os Grandes Festivais são sempre rituais comunitários, pois comprometem todos os membros da comunidade.
A relação mágica com a Natureza obviamente se traduz numa religiosidade mágica.
A sacralidade da Natureza torna todas as religiões pagãs em religiões de comunhão, ou seja, que não visam dominar a Natureza, mas harmonizar-se com ela. Por isso, também são religiões intuitivas e emocionais. Em geral, os pagãos valorizam mais a vivência da religiosidade em detrimento das infindáveis discussões metafísicas.
O respeito aos ancestrais e o tradicionalismo que isso implica, faz das religiões pagãs uma experiência de continuidade do egrégor ancestral, ou seja, a repetição dos mesmos ritos, na mesma época, cria a união mística com todos aqueles que já celebraram antes. Nesse momento, o tempo é rompido e se estabelece uma relação mágica com ele também: a repetição do rito torna presente o momento primitivo da sua realização e todos aqueles que, ao longo dos séculos, dele tenham participado.
A perspectiva cíclica do tempo dá a certeza do eterno retorno. Embora alguns povos tenham desenvolvido a ideia de um "Outro Mundo", a vida pós-morte nunca foi um ideal Pagão, pois isso significaria ficar fora do ciclo e, portanto, da comunidade. Assim, o "Outro Mundo" (para aqueles que desenvolveram essa ideia) será apenas uma passagem entre uma vida e o renascimento. O encontro com a Deidade se dá sempre na comunhão com a Natureza, e não no Outro Mundo.
Obviamente, diferentes povos da Cultura Pagã desenvolveram suas liturgias e costumes religiosos típicos, locais e ancestrais, o que pode aparecer como diferenças entre religiões. No entanto, essas características básicas permanecem, pois são típicas do Paganismo.

 Paganismo versus Cristianismo
Este artigo ou secção possui passagens que não respeitam o princípio da imparcialidade.Tenha algum cuidado ao ler as informações contidas nele. Se puder, tente tornar o artigo mais imparcial.
A partir do século IV, o Cristianismo se tornou religião oficial em Roma. A primeira proibição efectiva dos cultos pagãos foi decretada no Império Romano em 392. Por essa altura, deu-se a última séria tentativa da aristocracia apresentar um pretendente pagão à chefia do Império.[3]
Em 435 as medidas contra o paganismo foram reforçadas com a pena de morte para quem continuasse a fazer rituais pagãos, que envolviam sacrificios humanos e de animais.[4]. As dificuldades da Igreja ainda cresceram com as invasões bárbaras do século V. A maioria dos invasores eram pagãos, mas verificou-se um ponto de viragem à volta do ano 500, quando os Francos se converteram do paganismo ao cristianismo. Com a conversão dos Lombardos arianos e dos pagãos anglo-saxónicos à volta do ano 680, o cristianismo passou a dominar quase por completo o espaço cultural da Europa ocidental.
Entre os habitantes do campo e nos estratos mais baixos da sociedade, porém, o paganismo continuou de forma mais ou menos mitigada. Os pagãos não se tornaram cristãos do dia para a noite. Os sacerdotes cristãos passaram a cristianizar muitas festas pagãs, dando-lhes um novo sentido. A maioria dos templos Pagãos foram sendo derrubados e no seu lugar erigidas igrejas da nova fé. O que a Igreja não conseguía destruir das antigas práticas religiosas, adaptava, transformando-as em práticas cristãs. No Natal, por exemplo, mantiveram-se ao lado do culto associado ao nascimento de Jesus, as fogueiras e as festas dos caretos (no nordeste transmontano de Portugal), etc.. Nessa época os Romanos festejavam Saturno e o nascimento do deus Mitra - cultuado entre os soldados romanos. Os camponeses começaram a aceitar a religião que falava de Jesus, um homem que havia sido pregado na cruz pelos romanos. Ele lembrava o deus Odin que havia se pendurado em uma árvore para adquirir a sabedoria das Runas. Com o tempo passaram a associar Maria, mãe de Jesus, à Mãe Terra.
Durante um longo período, houve uma fé dupla: acreditavam em Jesus, mas não abandonavam inteiramente as suas crenças e práticas pagãs. Isso foi mais claro nas regiões germânicas onde a influência do cristianismo faz-se sentir nas inscrições em que se nota uma clara mistura das duas crenças quando lemos em uma mesma pedra a invocação de protecção ao deus Thor e, ao mesmo tempo, ao Cristo.
Algumas orações cristãs de gosto popular, apresentam paralelismos em recitações de encantamentos pagãos. Algumas invocavam Jesus e diversos deuses Celtas a um só tempo. Não vamos pensar que tal dominação ocorreu de forma pacífica ou rápida. Na verdade, a Igreja Católica nunca conseguiu extinguir, de fato, as crenças classificadas pagãs.
No final do século XIV, a perseguição aos "hereges" assumiu também a forma de perseguição a cultos e práticas pagãs. Durante quase 400 anos, muitas pessoas morreram acusadas de prática de bruxaria. Muitos dos acusados eram denunciados por médicos, tentando implantar a medicina científica contra os curandeiros e "bruxos" adeptos das medicinas naturais.
Desde finais do século VII e até 1789 - ano da Revolução Francesa - o paganismo esteve praticamente ausente nas altas esferas intelectuais e políticas do mundo ocidental.

 Ver também
Deusa mãe
Sociedade matriarcal
Neopaganismo
Wicca
Tradições nórdicas
Bruxaria
Druidismo
Xamanismo
Asatrú
Pajé

ENSINO RELIGIOSO ESCOLAR


Matilde Tiemi Makiyama(Pedagoga-FEUSP)
Introdução
Podemos definir a educação das mais diferentes formas e com parâmetros diversos, mas, em se tratando de seu objetivo final, todas as definições convergem para o desenvolvimento pleno do sujeito humano na sociedade. É aqui onde o Ensino Religioso fundamenta a sua natureza: o homem para adquirir seu estado de realização integral necessita da perfeição religiosa, também.
"Dentre os inúmeros instrumentos de que dispõe a sociedade para alcançar tão elevado objetivo está a religião, pois somente quando se coloca a questão da transcendência, a que se denomina Deus, encontra a comunidade humana e cada uma das pessoas individualmente, respostas às perguntas fundamentais que todos se colocam diante da vida." (Catão, 1995).
O Estado, a quem, hoje, se confia a educação da maior parte da sociedade, reconhece a necessidade de uma educação religiosa, sem no entanto dizer como realizá-lo. Em todo caso, ele não pode prescindir dos questionamentos fundamentais de toda pessoa humana, e que constitui o próprio fundamento da sociedade.
Ensino Religioso é a disciplina à qual se confia, do ponto de vista da escola leiga e pluralista a indispensável educação da religiosidade. Aqui, já vale observar a necessidade de se superar uma posição monopolista e proselitista, para que haja uma autêntica educação da religiosidade inserida no sistema público de educação em benefício do povo.
"Pela primeira vez, pessoas de várias tradições religiosas, enquanto educadores, conseguiram encontrar o que há de comum numa proposta educacional que tem como objeto de estudo o transcendente." (Parâmetros Curriculares Nacionais). É certo, alguns comemoram como uma grande conquista a sua aprovação em lei, porém ninguém pode negar a complexidade e seriedade desta questão.
Então, será mesmo a aprovação do Ensino Religioso uma conquista? Ou estaria havendo, como muitos alegam, uma confusão de papéis: escola/igreja, ciência/religião, público/privado?
Os problemas da carência de fundamentação nas ciências vem reforçar o binômio fé/ciência. Portanto, qual é o fundamento, que parâmetros são tomados para a viabilização do Ensino Religioso? Esta é a questão que pretendo discutir no presente artigo, a partir da bibliografia ainda escassa, principalmente em se tratando de discussão filosófica.

O Ensino Religioso na L.D.B.
Com a nova L.D.B. muitas mudanças vem sendo organizadas a curto e longo prazo, seja do ponto de vista estrutural, quanto do conteúdo de nosso sistema educacional.
Para o Ensino Religioso, inicia-se uma nova fase da história, foi aprovado uma nova lei que o constitui, agora, em uma disciplina com todas as propriedades, enquanto tal. Isto significa que o Ensino Religioso não se dá mais no processo linear como foi concebido até recentemente, mas por meio de articulações complexas num mundo pluralista e multiforme, pois é nela e a partir dela que se inicia o processo. O próprio artigo 33 da L.D.B., já sofreu muitas críticas e está hoje em vigor na redação que segue mais adiante. Antes do artigo, é interessante observar o texto em que foi remetido à imprensa, na tarde de 17/6/97.
"O substitutivo do deputado Padre Roque (PT-PR) foi votado na Sessão da Câmara dos Deputados no dia 17/06/97. O texto aprovado corrige distorções históricas do Ensino Religioso, modificando a redação do artigo 33 da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. (...)
A grande novidade a ser introduzida é que o Ensino Religioso deverá ser tratado como disciplina do sistema de ensino, cujos conteúdos deverão primar pelo conhecimento religioso que forme consciências e atitudes anteriores a qualquer opção religiosa." (Joel de Holanda, PE).
"Substitutivo ao Projeto de Lei n. 2.757, de 1997. (Dá nova redação ao artigo 33 da Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.) O Congresso Nacional decreta: Art. 33 – O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da formação básica do cidadão e constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo. 1º - Os sistemas de ensino regulamentarão os procedimentos para a definição dos conteúdos do ensino religioso e estabelecerão as normas para a habilitação e admissão dos professores. 2º - Os sistemas de ensino ouvirão entidade civil, constituída pelas diferentes denominações religiosas, para a definição dos conteúdos do ensino religioso."
É interessante observar que apesar do decreto, o substitutivo não está sendo publicado pelo GAT – Estadual (Grupo de Assessoramento Técnico Estadual.
É preciso esclarecer e renovar o conceito de ensino religioso, da sua prática pedagógica, da definição de seus conteúdos, natureza e metodologia adequada ao universo escolar, como propõe os Parâmetros Curriculares Nacionais.

2. A Natureza do Ensino Religioso
Para a compreensão da razão de ser do Ensino Religioso é preciso partir de uma concepção de educação que a entenda como um processo global, integral, enfim, de uma visão de totalidade que reúne todos os níveis de conhecimento, dentre os quais está o aspecto religioso.
Toda sociedade possui um ethos cultural que lhe confere um caráter todo particular, e fundamenta toda a sua organização, seja ela política, social, religiosa, etc. E não é senão a partir da compreensão desse ethos, que poderemos contribuir com as novas gerações, no seu relacionamento com novas realidades que nos são propostas: o individualismo, o descartável, a experiência religiosa sem instituição etc.
O conhecimento religioso enquanto patrimônio da humanidade necessita estar à disposição na Escola. Em vista da operacionalização deste processo, o Ensino Religioso tem se caracterizado pela busca de compreensão desse sujeito, explorando temas de seu interesse, de forma interdisciplinar, com estratégias que considerem este novo perfil de indivíduos, estimulando, sobretudo, o diálogo.
A antropologia cultural, depois de muitos estudos históricos, deu ao fenômeno religioso o reconhecimento de seu caráter universal. Fato este, que nos leva a um reconhecimento ainda maior da originalidade deste fenômeno em e de cada cultura em específico.
"A religião nasceu a partir do fenômeno morte."- afirma Frei Vicente Bohne, da Coordenação dos Parâmetros C.N.). A angústia existencial que necessita de uma resposta, ao longo da história da humanidade conseguiu elaborar, basicamente quatro respostas: a Ressurreição, a Reencarnação, o Ancestral, o Nada.
Aqui, é preciso deixar muito claro que o Ensino Religioso não pretende ser nenhuma experiência de fé, mas que precisa se manter para a sua própria razão de ser, sob o fundamento do conhecimento.

3. A dimensão Pedagógica
A partir de uma abordagem antropológico filosófica, que reconhece o fenômeno religioso como decorrência de sua propriedade humana, de sua condição existencial, e seguindo para uma abordagem mais específica e de nossos interesses que é a de ordem pedagógica, podemos dizer que o específico do religioso para o Ensino Religioso é ajudar o aluno a se posicionar e a se relacionar da melhor forma possível com as novas realidades que o cercam. Primeiramente em relação aos seus limites e depois quanto às linguagens simbólicas.
O Ensino Religioso é , portanto, uma questão diretamente ligada à vida, e que vai se refletir no comportamento, no sentido que orienta a sua ética.
"Na medida em que as religiões tenderam a se institucionalizar e a se tornarem organizações públicas, mantidas e presididas pelo rei ou sustentadas oficialmente como um bem do Estado, pela comunidade política, introduziu-se uma distinção, mais ou menos perversa, entre ética, regulada pela fidelidade dos cidadãos aos costumes e bens da comunidade política, e a religião, cujas práticas eram ditadas pela fidelidade aos ritos e celebrações, independentemente da qualidade ética, tanto dos cidadãos como dos sacerdotes que os presidiam." (Catão, p. 44). Essa dicotomia entre religião e vida marcou muito fortemente a religião, tornou-se um dos mais graves problemas do cristianismo latino-americano, como identificou o episcopado católico em Santo Domingo, em 1992.
Tudo isto, ilustra um pouco da necessidade e a seriedade para se orientar a formação de um profissional que ainda não temos. Este, deverá estar capacitado, qualificado por uma visão e atuação muito maior que mostrou possuir a prática até hoje, e no qual o conteúdo deixe de ser quase que exclusivamente uma reflexão de valores, mas possa explicitar áreas específicas do conhecimento religioso.
Houve avanços quanto ao direcionamento pedagógico desde as reflexões e lutas pela inserção do Ensino Religioso, garantida na constituição Federal, em 1987/1988 – "O Ensino Religioso ocupa-se com a educação integral do ser humano, com seus valores e suas aspirações mais profundas. Quer cultivar no ser humano as razões mais íntimas e transcendentais, fortalecendo nele o caráter de cidadão, desenvolvendo seu espírito de participação, oferecendo critérios para a segurança de seus juízos e aprofundando as motivações para a autêntica cidadania.". Todavia, a inquietação do "como fazer" ainda continua sendo crucial.
A sala de aula não pretende ser uma comunidade de fé, mas um espaço privilegiado de reflexão sobre limites e superações. Isto implica a necessidade de se construir uma pedagogia que favoreça tal perspectiva, porque o que objetivamos é fruto de uma experiência pessoal, na incansável busca de respostas par as questões existenciais. É preciso interpenetrar teoria e prática.
Nesse processo, a elaboração de uma linguagem simbólica favorece a descoberta e experiência dessa realidade, portanto, podemos considerar quanto aos aspectos essenciais que orientam a ação pedagógica do Ensino Religioso a pedagogia do limite, a linguagem simbólica, os livros sagrados, e a dimensão dos valores.
A prática vai se dar na ordem da linguagem simbólica, procurando desenvolver o educando na capacidade de decifrar a linguagem simbólica e na compreensão das experiências do transcendente.

4. O Ensino Religioso e Ética
Muitos - sem compreender sua dimensão específica - questionam: "para quê o Ensino Religioso se já temos a Ética como um dos Temas Transversais, com todo um conteúdo?". A própria história do Ensino Religioso nos mostra que a Ética até há poucos foi o principal objeto do Ensino Religioso, quando não uma doutrinação religiosa. Nesta perspectiva, precisamos compreender com clareza de que ética se está falando.
"Toda religião comporta uma ética e toda ética desemboca numa religião, na mesma medida em que a ética se orienta pelo sentido do transcendente da vida humana" (Catão, p. 63). É necessário superar as errôneas e muitas vezes limitadas definições de ética e propor uma ética da consciência e da liberdade em lugar da ética da lei e da obrigação. Na raiz da Ética, como contempla o Ensino Religioso, está a busca da Transcendência que dá sentido à vida, que proporciona a plena realização do ser humano pessoal e social.

Considerações finais
A universalidade de uma discussão com base no respeito à pluralidade de posições e opiniões diante do religioso, na minha opinião, é a essência que viabiliza o Ensino Religioso.
Passou-se o tempo, como diz o Frei Vicente Bohne, em que este conceito era apreendido com o leite materno. Considero que, certamente, a família e a Igreja são os espaços por excelência dessa reflexão, mas o fato é que vivemos hoje numa realidade em que, apesar das limitações, a escola é o espaço privilegiado em que se pode realizar tais discussões. A Igreja em participação com outras entidades civis, longe de quaisquer forma de proselitismo, quer dar a oportunidade a todo indivíduo de refletir sobre as questões fundamentais da existência humana.
Passamos por uma megatendência de mudanças sociais, políticas e tecnológicas que se formam gradualmente a partir de diferentes variáveis ambientais e que, uma vez configurada, nos influencia. As instituições e organizações existem para agir no mundo, na sociedade e na história ajudando o indivíduo a pensar, a se posicionar frente às questões fundamentais da vida e a encontrar respostas, ou meios para uma resposta.
Acredito que as reflexões que nos propõe o Ensino Religioso, incluindo mesmo os que optam para uma negação de sua religiosidade, permite esclarecer posições, e uma autenticidade na busca da integridade humana, e a colaborar para a construção de uma sociedade melhor.
Muitos dizem que a sociedade está em crise, a educação está em crise, que não existem mais valores, mais ética, culpando esta ou aquela estrutura, mas talvez seja necessário, antes disso questionar as oportunidades que oferecemos às crianças e jovens de desenvolver a dimensão da consciência religiosa que faz parte de seu ser.

Bibliografia
VIESSER, Lizete C. Um Paradigma didático para o Ensino Religioso. Rio de Janeiro, Vozes, 1994.
Parâmetros Curriculares Nacionais – Ensino Religioso. Forum Nacional Permanente do Ensino Religioso. 1996.
CATÃO, Francisco. O Fenômeno Religioso, São Paulo, Editora Letras & Letras, 1995.
Lei de Diretrizes e Bases, 1997.
Parâmetros Curriculares Nacionais – Ética.
LUGARES SAGRADOS



































































































































































FÉ E CIÊNCIA





Jornal - "MISSÃO JOVEM"
Ciências
Será que fé e ciência são opostas?
É importante manter uma separação entre elas?
É possível uma conciliação?
O que uma tem a dizer a outra?
São perguntas seculares que, vez por outra, voltam ao cenário. Ultimamente, com o surgimento de questões polêmicas como a clonagem humana, a descoberta do genoma humano, a tentativa de provar a existência de Deus em laboratórios, a discussão está se reacendendo.
BUSCANDO RESPOSTAS
Sem dúvida, um dos fatos que mais está intrigando cientistas e teólogos é a grande quantidade de estudos que estão sendo realizados em laboratórios, cujo objetivo é, explicar os mistérios religiosos, ou procurar Deus dentro do cérebro humano, usando os instrumentos e métodos da ciência, segundo informações recentemente divulgadas no Brasil pela revista Veja.
Pesquisas desse tipo já estão sendo realizadas em cerca de 30 faculdades de medicina nos Estados Unidos.
Os cientistas estão tentando responder a uma questão essencial: será que a fé e condutas baseadas na solidariedade, perdão e bondade influenciam a cura de doenças e contribuem para o bem-estar das pessoas?
Outras instituições procuram encontrar argumentos na física para fundamentar a origem divina da criação do mundo.

INVESTIMENTOS
Vale lembrar que os investimentos financeiros para este fim nunca foramtão altos. É o caso da fundação John Templeton Foudation, dos EUA, que está investindo grande quantidade de recursos para provar a veracidade dos escritos bíblicos.
Um de seus pesquisadores, o radiologista Andrew Newberg, da Universidade da Pensilvânia, submeteu o cérebro de budistas do Tibet em profunda meditação a exames tomográficos e conseqüente acompanhamento da atividade cerebral após injeções de soluções radioativas na veia. O estudo foi depois repetido com freiras em oração.
Os resultados foram tão impressionantes que, há alguns meses, foram publicadas no livro: Porque Deus não irá embora: a ciência do cérebro e a biologia da crença. Tanto a meditação como a oração desligaram os circuitos cerebrais que controlam a noção de limites físicos do ser humano. Seria a explicação bioquímica para a sensação de transcendência e o alto grau de concentração mental obtidos com a meditação?
O pesquisador chegou a duas conclusões: isso pode ajudar a entender como funciona a nossa habilidade de compreender Deus e também pode ajudar a entender melhor o funcionamento do cérebro.
COLABORAÇÃO
No recente consistório (Assembléia de cardeais, presidida pelo Papa), um dos assuntos tratados foi exatamente o posicionamento ético e pastoral da Igreja diante dos progressos e pesquisas científicas. Na oportunidade, os cardeais acentuaram que está existindo uma despreocupação de cientistas para com os valores humanos.
Vale ressaltar aqui o pronunciamento dos bispos alemães sobre as pesquisas científicas: “Para curar a doença de uma pessoa, não se pode matar outro ser humano...”.
João Paulo II, em julho próximo passado, afirmou que aceita as pesquisas que permitam o eventual transplante de órgãos de animais para o ser humano, mas põe reservas acerca da obtenção de um resultado positivo. Por isso, o Papa encoraja para uma colaboração entre a ciência, que considera o “guia necessário”, e a ética, “para oferecer um esclarecimento complementar”.
Hoje, mais do que nunca, se requer que os cientistas tenham sensibilidade moral e competência ética. São necessários, além disto, um alerta e um clamor com relação a qualquer interesse econômico subjacente às pesquisas científicas, pois os maiores absurdos são, por vezes, justificados pelas multinacionais que massacram a dignidade humana, tendo em vista unicamente lucros materiais.
CIENTISTAS... COM FÉ
Vejamos alguns depoimentos de cientistas. Acreditamos que eles, sendo cientistas competentíssimos, têm uma grande mensagem de fé:
Max Planck (1858-1947), prêmio Nobel de Física em 1918, pela descoberta do “quantum” de energia: “O impulso de nosso conhecimento exige que se relacione a ordem do universo com Deus”.
Antoine Henri Becquerel (1852-1908), Nobel de Física em 1903, descobridor da radioatividade, afirmou: “Foram minhas pesquisas que me levaram a Deus”.
Andrews Millikan (1868-1953), prêmio Nobel de Física, em 1923, pela descoberta da carga elétrica elementar: “A negação de Deus carece de toda base científica”.
Albert Einstein (1879-1955), Nobel de Física em 1921, pela descoberta do efeito foto-elétrico: “Quanto mais acredito na ciência, mais acredito em Deus”. “O universo é inexplicável sem Deus”.
Erwin Schorödinger (1887-1961), prêmio Nobel de Física em 1933, pelo descobrimento de novas fórmulas da energia atômica: “A obra mais eficaz, segundo a Mecânica Quântica, é a obra de Deus”.
Voltaire (1694-1778), racionalista e inimigo sagaz da fé católica, foi obrigado a dizer: “O mundo me perturba e não posso imaginar que este relógio funcione e não tenha tido relojoeiro”.
Edward Mitchell, astronauta da Apolo 14, um dos primeiros homens a pisar na Lua: “O Universo é a verdadeira revelação da divindade, uma prova da ordem universal da existência de uma inteligência acima de tudo o que podemos compreender”.
COMPLEMENTAÇÃO
Mas, afinal, qual é a relação, ou qual o relacionamento que deve existir entre fé e ciência? O professor Felipe Aquino afirma que ciência e fé não são excludentes:
• Se a ciência oferece ao ser humano o conhecimento das leis do mundo natural, a fé o transporta à transcendência do sobrenatural. • Se a ciência se desenvolve na investigação sistemática do mundo visível, a fé cresce na confiança e no abandono.• Se a ciência exige provas, a fé requer aceitação. • Se a ciência exige pesquisa, a fé exige contemplação.
Onde termina o limite estreito de alcance da ciência, aí começa o horizonte infinito da fé. O cientista acredita porque “entendeu”, o crente acredita porque “confia” em quem faz a revelação. Ambas se completam e se auxiliam mutuamente.
É perfeitamente racional pensar que fé e ciência se necessitem mutuamente. Enquanto a ciência livra a fé da ingenuidade, a fé pode ajudar a ciência a não cair num puro materialismo. A fé precisa da luz da ciência para não ser cega e não se tornar fanática e doentia; a ciência precisa da fé para não colocar as suas descobertas a serviço da destruição humana.
A Gaudium et Spes, do Concílio Vaticano II, afirma: “Se a pesquisa metódica, em todas as ciências, proceder de maneira verdadeiramente científica e segundo as leis morais, nunca será oposta à fé. Tanto as realidades profanas quanto as da fé originam-se do mesmo Deus. Mais ainda: aquele que tenta perscrutar com humildade e perseverança os segredos das coisas, ainda que disto não tome consciência, é como que conduzido pela mão de Deus, que sustenta todas as coisas, fazendo que elas sejam o que são” (GS, 36).
Jesus convida: “Quem tem olhos veja!” Afinal, a vida humana é sagrada! Ela deve ser o referencial de toda pesquisa e de sua respectiva aplicação prática. Há limites que, definitivamente, não podem ser transpostos. O ser humano não é o senhor absoluto da vida e esta, em hipótese alguma, pode ser aviltada como um objeto qualquer.
Mauri Heerdt
PARA REFLETIR
1.º Você acha que as pesquisas científicas servem para provar a existência de Deus? É preciso isso ou...?
2.º A seu ver, é possível uma complementação ou colaboração entre ciência e fé?
3.º O que você diria a um cientista que afirma haver no mundo apenas matéria?