SOMOS ÁTOMOS DE DEUS

SOMOS ÁTOMOS DE DEUS

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

O SAGRADO E A CRIAÇÃO

O Sagrado, a criação ea criatura sob a perspectiva da Antropologia ...

O FENÔMENO DA RELIGIÃO E MÉTODO


       
                        Prof. MsC. Sylvio Fausto Gil Filho
      (Departamento de Geografia/Universidade Federal do Paraná) 
        
       

                          A revisão da religião, como fenômeno que a luz do processo histórico empreendeu o desenvolvimento e superação do homem no plano de suas concepções diante da vida e na organização das sociedades, torna-se perfeitamente justificável. 
                             O que parece-nos razoável diante dos trabalhos sobre o assunto, está sob o prisma de interpretação da realidade  religiosa, que em várias épocas e em vários ambientes culturais os diversos pesquisadores do tema anunciaram  relações ou mesmo admitiram possíveis conexões entre as diversas religiões reveladas ao mundo. 
                              Não se trata aqui de escrever mais um ensaio de religiões comparadas tentando na medida do possível buscar no método empregado a objetividade e a neutralidade. Desejamos sim, desenvolver as relações entre as religiões sob a base da revelação de Bahá’u’lláh. 
                             O que diagnosticamos no cerne das sociedades humanas é a  presença da religião com fenômeno de caráter totalizante. 
                             A opção pôr uma fenomenologia da Religião explica-se pela adaptabilidade do método na não construção de uma argumentação hierarquizante entre os diversos fenômenos possibilitando a busca profunda das realidades. 
                              A Fenomenologia da Religião emprega base teórico-metodológica de HUSSERL (1859-1938), filósofo alemão. Ele afirma que os fenômenos devem ser apreendidos na medida em que são vivenciados pela consciência intuitiva. 
                             A metodologia neste caso não baseia-se exclusivamente no empirismo mas buscaria as essências das quais os fenômenos não seriam apenas meras aparências e sim eles próprios em sua totalidade. Ou seja, a fenomenologia preocupa-se com o ser enquanto ser a revelia ao modo pelo qual se manifesta, buscando assim as essências absolutas de tudo o que existe. 
                        Este fenômeno porém, não pode ser compreendido na escala  pura e simples das ciências humanas, embora a utilização de suas concepções sejam significativas. Seria oportuno admitir que toda e qualquer análise que façamos do fenômeno religioso só será devidamente abrangente se também o considerarmos sob os seus próprios padrões de análise. Ou seja, estudar a Religião pôr ela mesma. 
                         Como comenta ELIADE (1970): 
                             ...um fenômeno religioso somente se revelará como tal com a condição de ser apreendido dentro da sua própria realidade, isto é, de ser estudado à escala religiosa. Querer delimitar este fenômeno pela fisiologia, pela psicologia, pela sociologia e pela ciência econômica, pela lingüística e pela arte, etc... é traí-lo, é deixar escapar precisamente aquilo que nele existe de único e irredutível, ou seja, o seu caráter sagrado. (Trat. Hist. Rel. p. 17)


                         O conhecimento do fenômeno da religião torna-se inteligível na medida em que o analisamos no plano do sagrado. 
                         Contudo, o problema da análise não é apenas de escala, mas também os ditames da ciência e do método. 
                          Acreditamos que uma visão holística do conhecimento seja necessária a fim de não corrermos o risco do reducionismo. 
                          Ao propormos a totalidade do fenômeno religioso tentamos demonstrar a 
      necessidade de rompermos as barreiras da compartimentação da ciência de raízes positivistas. 
                          Quando procuramos uma teoria do fenômeno religioso baseada nos enunciados bahá’ís, nos deparamos com a formação e o conceito de ciência corrente de base materialista. Porque não admite nada além do concreto e objetivo e acredita na neutralidade do método como verdade absoluta. 
                          A crença dos bahá’ís na unidade orgânica da humanidade e no poder catalisador da Fé, não é compatível à produção do conhecimento baseado estritamente nos parâmetros positivistas. 
                          De fato não existe verdades absolutas abarcadas pela égide científica. 
                          A unidade entre ciência e religião se faz necessário. Todavia, o que queremos dizer com esta interação? De nenhum modo podemos condicionar a religião aos limites da ciência ou mesmo aceitar integralmente a objetividade exclusiva pôr parte da ciência.

      Lembrando uma conferência de ARBAB (1986):

              Uma das pretensões do mundo intelectual em qualquer campo é a de que eles são objetivos. Asseveram os pensadores que unicamente a ciência é objetiva e que encontra a verdade pôr meio de métodos científicos. A religião, porém, é considerada como assunto subjetivo. Esta pretensão gravada na mente da maioria dos intelectuais é cem pôr cento falsa. (Anais 1ª Conf. AEBB p.08). 
                      A tese da objetividade têm como base no método científico ao qual se atribui a supremacia e a unidade da ciência. 
                      No entanto, não existe apenas um método, mas vários métodos de análise cada qual utilizado de acordo com o caráter da pesquisa que se realiza e às necessidades do cientista. 
                      Por existir vários conceitos para o método, podemos considerar que ele é o meio pelo qual há contato entre a realidade e a teoria científica, ou seja, através dele sistematizamos o conhecimento e fazemos ciência. 
                      Para melhor fundamentar nossa elucidação tomemos como exemplo os método dedutivo e indutivo. Tanto o primeiro como o segundo suscitam questões e conclusões do particular para o geral e vice-versa. 
                      Segundo LAKATOS & MARCONI (1989): “... se nos dedutivos, premissas verdadeiras nos levam a conclusões verdadeiras, nos indutivos, conduzem apenas a conclusões prováveis”. 
                      O método é limitado tanto como meio de adequar-se à análise de uma realidade, como também pode estar divorciado de qualquer fundamento real.     Pois se partimos de teses falsas chegaremos à conclusões errôneas. Além disso, todo cientista está inserido em uma cultura e estrutura social, assim toda interpretação que ele faça da realidade será condicionada pela instância cultural-ideológica, pelo sistema político-social ou pela formação ético-religiosa. 
                      Não podemos atribuir ao método científico convencional uma preeminência que na realidade não possui.

      Segundo GARAUDY (1980):

                      "O Positivismo não conseguiu fugir aos problemas. O idealismo não conseguiu resolvê-los. Esses problemas, (...), decorrem do malogro de um duplo dogmatismo: o da religião e do cientificismo. (Perspectivas do Homem p.13)." 
      Para concretizar a harmonia entre religião e ciência há necessidade de se romper esse duplo dogmatismo. Se de um lado acreditamos que a Revelação Bahá’í possui os meios de rompimento com o dogmatismo religioso de outro no plano da ciência devemos não perder de vista que a discussão teórica metodológica é vital para fundamentar o argumento perante uma nova interpretação do processo temporo-espacial e o papel da religião como direcionadora deste.

      Segundo ‘ABDU’L-BAHÁ (19__):

                      "Las exigências del presente piden nuevos métodos de solución; los problemas del mundo son sin precedente. Las vejas ideas y formas de pensamiento están rápidamente tornándose anticuadas.(Fund de La Unidad Mundial p.141) " 
              A aplicação do método científico convencional na Religião não concretizará a interação possível entre ciência e religião. Porque o método científico de origem racionalista cartesiana e recriado sob o racionalismo idealista do positivismo é incapaz de oferecer uma resposta adequada ao fenômeno da religião. 
              O Positivismo que de modo avassalador permeia as ciências tende a deificar a ciência, negar o propósito da religião enquanto ,uma verdade revelada reforçando um sentimento de antireligião e um idealismo desvinculado da existência de uma Divindade. Sob todos os aspectos esta ideologia é contrária as verdades inculcadas em qualquer religião histórica revelada.

      Segundo SCIACCA (1968):

              A ciência é entendida por ele como a revelação do ser, o progressivo realizar-se do Infinito, a solução de todos os problemas, a instauradora de uma nova ordem social. 
              Em suma, a Ciência não é apenas o único conhecimento humano, mas é a ‘nova religião da humanidade’, que torna supérfluas todas as religiões tradicionais e é a garantia infalível do melhor destino do homem, como indivíduo e como membro da sociedade. A moral a política, a religião, toda a atividade humana é canalizada à ciência, a grande esperança, a soberana possibilidade do homem, o ideal novo não deludente. A nova sociedade técnica industrial tem o seu fundamento e a sua garantia na ciência. O ‘otimismo’ positivista, ingênuo e romântico, instaura o culto religioso da própria ciência e, ao invés de ter dela um conceito crítico, tem-na num mito e numa superstição. (...); para os positivistas tudo é ciência, inclusive a filosofia e a própria religião. (...); ‘cientismo’ abstrato... Inimigo de toda metafísica, o positivismo é também ele uma metafísica, que se lança até a adoração do fato e à deificação da matéria. (Hist. da Filos. M.F.Sciacca p.143 - III 1968 - Ed Mestre Jou SP).

IGREJAS EVANGÉLICAS NO BRASIL (pastoras)

Cronologia das igrejas protestantes no Brasil

http://pt.wikipedia.org/wiki/Anexo:Cronologia_das_igrejas_protestantes_no_Brasil





A força das pastoras

As mulheres ganham espaço nos altares evangélicos do Brasil, conquistando cada vez mais fiéis para essas denominações. Em algumas igrejas, quase metade do corpo pastoral é feminino

por Rodrigo Cardoso
O papa Francisco voltou a surpreender o mundo na quinta-feira 19, quando, durante longa entrevista, de 29 páginas, publicada no jornal jesuíta italiano “La Civiltà Cattolica”, não se furtou a falar sobre assuntos indigestos para a Igreja Católica, como aborto, gays e o papel das mulheres. “É necessário ampliar os espaços para uma presença feminina mais incisiva na Igreja. O gênio feminino é necessário nos locais onde se tomam decisões importantes”, afirmou, num discurso que, à primeira vista, pode soar progressista, mas continua tão engessado quanto as colunas da Praça de São Pedro. Em seu comentário, o pontífice enaltece o gênero, mas o coloca como apêndice dos homens na estrutura da Santa Madre Igreja. Ou seja, nada mudou desde sua visita ao Rio de Janeiro, para a Jornada Mundial da Juventude, há dois meses, quando, na volta para o Vaticano, foi questionado por um jornalista durante o voo, sobre o direito das religiosas. Francisco, assim como fizeram seus antecessores, deixou claro que as mulheres são semelhantes aos homens – mas não iguais; são importantes para o crescimento do catolicismo – mas jamais irão atingir o status de sacerdotes. “Sobre a ordenação das mulheres, a Igreja falou e disse: não! Esta porta está fechada”, sentenciou. Enquanto a Igreja Católica segue acorrentada a essa tradição milenar, o grupo dos evangélicos, aquele que mais cresce e faz frente aos católicos no País, anda em sintonia com as mudanças em relação ao lugar das mulheres na sociedade. Transformações essas que vêm fazendo com que elas ocupem cada vez mais postos de liderança e atraiam milhares de fiéis para os templos cristãos.
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O mais novo e fulgurante exemplo de liderança feminina religiosa é Cristiane Cardoso, filha de Edir Macedo, da Igreja Universal do Reino de Deus. A jovem acaba de superar a marca de um milhão de cópias vendidas de seu livro “Casamento Blindado” e faz sucesso na tevê à frente do programa “Escola do Amor”, na Record, que apresenta junto com o marido, Renato. “Entendemos que a liderança da mulher é uma necessidade da igreja e vai muito além do título ou cargo que ela exerce”, afirma Cristiane. “Temos pastoras consagradas no Brasil e ao redor do mundo.” Quem abriu caminho para Cristiane e tantas outras foi Sônia Hernandes, da Igreja Renascer em Cristo. Apesar de Estevam Hernandes, seu marido, ter o título de apóstolo, é atribuído à bispa Sônia o papel de protagonista. É ela quem arrebata multidões na Marcha para Jesus e reúne milhares de evangélicos nas ruas de São Paulo todos os anos. “Sem o viés feminino que Sônia trouxe à igreja, por certo a denominação não teria tido tanto avanço como houve no Brasil, sobretudo em São Paulo”, afirma Rogério Rodrigues da Silva, pesquisador da Universidade de Brasília.
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LIDERANÇA
Apresentadora da Rede Record, Cristiane Cardoso, filha de Edir Macedo,
da Universal do Reino de Deus, vendeu mais de um milhão de exemplares de seu último livro
Para a professora Sandra Duarte de Souza, de ciências sociais e religião da Universidade Metodista de São Paulo (Umesp), em muitas instituições religiosas as mulheres conseguem criar uma empatia muito mais sólida com a comunidade do que os homens. Na Igreja Batista da Lagoinha, fundada em Belo Horizonte (MG), 44,6% do corpo pastoral é do sexo feminino – a cultuada cantora gospel Ana Paula Valadão é uma delas. Entre os metodistas, as mulheres representam aproximadamente 30% dos pastores – a mesma porcentagem é verificada entre os presbíteros da Igreja Anglicana. Até mesmo uma das mais conservadoras denominações pentecostais brasileiras, a Assembleia de Deus, tem aberto caminhos para as fiéis ocuparem altos postos na sua hierarquia. No mês passado, a denominação permitiu pela primeira vez em sua história que mulheres assumissem o cargo de evangelistas. Para essa posição, que permite, por exemplo, que a eleita dirija um templo, duas jovens foram consagradas no ministério do Brás, em São Paulo. “Já não dá mais para negar a importância da mulher dentro das nossas igrejas”, diz Samuel Ferreira, pastor da Assembleia. “Eu não tenho o direito de negar a elas a prerrogativa de exercerem essa liderança.” Especialistas no tema ouvidos por ISTOÉ têm notado um aumento no número de ordenações de mulheres, principalmente daquelas que estudam para atingir um alto posto na instituição. Ainda é bem maior o contingente de religiosas escaladas para tarefas como limpar e ornamentar a igreja, cozinhar e assessorar pastores em visitas externas. Mas vê-las pregando em púlpitos, batizando, realizando casamentos e celebrando a ceia são cenas vistas já com normalidade e frequência em muitos templos.
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PROTAGONISTA
O carisma, na Renascer em Cristo, está em poder
da bispa Sônia Hernandes: referência para as fiéis
Aos 48 anos, a gaúcha Margarida Ribeiro é reverenda da Igreja Metodista, que possui uma bispa entre as oito pessoas que ocupam esse posto no Brasil. Para tanto, ela encarou seis anos de preparação por meio de estudos teológicos e experiências em comunidades. Hoje, em 27 anos de pastorado, já foi titular em 20 igrejas. Mas o início não foi fácil. Quando pisava em alguma comunidade para pregar a palavra, Margarida ouvia o seguinte questionamento: “Você quem vai fazer o culto? Onde está o seu pai ou marido?” Hoje, no entanto, conta com orgulho que, ao ser convidada a dirigir cultos em igrejas pentecostais que possuem dois púlpitos, é frequentemente instada a pregar no principal, local costumeiramente ocupado por um homem. A reverenda, hoje, cuida da criação da primeira comunidade em Santa Isabel, interior de São Paulo. No Rio Grande do Sul, já esteve à frente de templos em zonas rurais, atuou na pastoral do agricultor, desenvolveu atividades sociais, ecumênicas e com mulheres, além de ter supervisionado trabalhos de outros pastores.
“Uma liderança feminina dá credibilidade à igreja evangélica.
Mulher não é vista como exploradora da fé” 

Bispo Hermes C. Fernandes, da Igreja Reina
Para Margarida e outras lideranças femininas de origem protestante histórica, a ascensão dentro da hierarquia está muito atrelada à formação teológica, o que facilita o acesso delas a posições de destaque. É o que aponta a professora Sandra, da Umesp. No universo pentecostal e neopentecostal, no entanto, fazer parte do corpo sacerdotal depende em muitos casos do apadrinhamento de personalidades da instituição. Recentemente, só para citar um exemplo, um ministério da Assembleia de Deus consagrou compulsoriamente todas as mulheres de pastores presidentes no Brasil. “Ordenar ou não mulheres não classifica uma igreja como mais ou menos patriarcal. Ter mais mulheres na hierarquia pode significar apenas um dado”, alerta a professora Sandra.
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BELAS DA FÉ
Em Vila Velha, no Espírito Santo, três amigas fundaram e administram
uma igreja desde 2011: únicas pastoras de um templo
Sarah Sheeva é alvo de preconceito até hoje simplesmente por ser uma mulher que constrói sua trajetória no meio evangélico sem ser referendada por alguém do sexo masculino. Filha de Baby Consuelo e ex-membro da Igreja Celular Internacional, ela se tornou pastora aspirante aos 38 anos, depois de 16 dedicados à denominação. Hoje, aos 40, ela acaba de se mudar do Rio de Janeiro para Goiânia. Deixou de ser pastora da igreja local e, em vez de administrar uma igreja, preferiu ser pastora missionária e viajar pelo Brasil para realizar palestras e conferências em diferentes denominações evangélicas. “Pessoas ficam com um pé atrás quando chego. Pensam: ‘Mas é essa jovem que vai trazer a palavra, ministrar um congresso?’”, diz. “Temos de nos esforçar duas vezes mais para ganhar a confiança.” A missionária Sarah, ex-ninfomaníaca assumida e mãe de uma jovem de 21 anos, tem um canal no YouTube que já foi visto por dois milhões de pessoas. Alguns vídeos nos quais comanda o culto das princesas, uma espécie de pregação misturada à autoajuda, somam 150 mil visualizações. O que ela fala tem ressonância também no Twitter, onde é seguida por 120 mil pessoas, e no Facebook – sua página já recebeu 325 mil curtidas. Muitas são as confissões evangélicas que reconhecem o dom espiritual das mulheres, mas lhes negam um título, como o de pastora. “Dizem que não há respaldo na Bíblia”, afirma a pastora Simone Saiter, 40 anos, da Igreja Viva Praia da Costa. Uma passagem do apóstolo Paulo é frequentemente usada por lideranças evangélicas que excluem as mulheres de seus quadros: “As mulheres estejam caladas nas igrejas; porque lhes não é permitido falar; mas estejam submissas como também ordena a lei” (1Coríntios 14:34)
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PREPARO
A gaúcha Margarida tornou-se uma referência na Igreja Metodista
depois de estudar seis anos antes de ser consagrada
O silêncio exigido naquela época, porém, fazia parte de um contexto cultural. Os cristãos se reuniam em sinagogas, onde as mulheres não podiam se manifestar. Para evitar atrito com os judeus, eram orientadas a apresentar seus questionamentos em casa, junto dos maridos. Hoje, a realidade é outra. A pastora Simone e duas amigas, casadas e formadas em teologia, resolveram dar voz à palavra que aprofundavam em núcleos de estudo. Decidiram abrir uma igreja evangélica, a Viva Praia da Costa, em Vila Velha, no Espírito Santo, em 2011. As três são as únicas pastoras da denominação, hoje frequentada por cerca de 100 membros. “Uma liderança feminina dá credibilidade. Mulher não é vista como exploradora da fé, como ocorre com os homens”, diz o bispo Hermes C. Fernandes, da Igreja Reina. Instituição com cerca de 120 templos, a Reina tem 40 mulheres entre seus 160 pastores. Uma delas, a carioca Miriam de Lourdes Silva, realiza uma próspera obra à frente de um templo na comunidade de Acari, no Rio de Janeiro. Naquela área dominada pelo tráfico de drogas, Miriam, 48 anos, já converteu cerca de 20 pessoas, segundo suas contas, todas ex-traficantes. Detalhe: nenhum de seus antecessores do sexo masculino conseguiu tal feito. “Teve um pastor que gastou R$ 20 mil para blindar a igreja dele. A nossa é blindada pelo Espírito Santo”, diz ela.
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CORAGEM
Em Acari, uma comunidade dominada por traficantes, a pastora
Miriam já ficou no fogo cruzado entre bandidos e a polícia:
cerca de 20 ex-traficantes foram convertidos por ela
Um dos motivos para o aumento do número de mulheres no corpo pastoral, segundo o sociólogo Ricardo Mariano, da Pontifícia Universidade Católica (PUC), do Rio Grande do Sul, é o crescente sucesso do movimento gospel, onde as estrelas são as cantoras. Aos 37 anos, Ana Paula Valadão é um dos maiores expoentes do gênero no País. “O movimento gospel colocou não somente homens, mas também mulheres em evidência”, diz Ana Paula, que estudou em um seminário para poder ser consagrada. “Algumas cantoras começaram a se destacar nos grupos de louvor e um dos desdobramentos disso foi o reconhecimento da capacidade que a mulher tem para exercer a função de liderança, inclusive em outras frentes.” Não é um diploma que faz uma pastora. Esse título se ganha na prática, com a comprovação da vocação e dos dons espirituais. Mesmo assim, a presença de fiéis do sexo feminino em seminários evangélicos é crescente já há duas décadas. A porta para o exercício do pastorado pode não se abrir para boa parte delas. Mas a busca por conhecimento é a melhor forma de forçar a maçaneta.
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PRESENÇA 
Na Igreja Batista da Lagoinha, onde a cantora Ana Paula Valadão
é pastora, 44,6% do corpo pastoral é composto por mulheres
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RELIGIÃO E POLÍTICA



Política e religião
Uma das mais importantes conquistas democráticas no mundo contemporâneo é a separação entre religião e política. Não é que não tenham nada a ver, mas as relações políticas, sociais, cívicas, não podem ser orientadas pelas opções religiosas. Os Estados democráticos são Estados laicos.
Todos devemos ser iguais diante das leis, sem influência de nossas opções individuais – religiosas, sexuais, de diferenças étnicas, etc. Somos diversos nas nossas opções de vida, mas devemos ser iguais nos nossos direitos como cidadãos.
Os Estados religiosos – sejam islâmicos, sionistas ou outros – fazem das diferenças religiosas elementos de discriminação política. Xiitas e sunitas têm direitos distintos, conforme a tendência dominante em países islâmicos. Judeus e árabes são pessoas com direitos totalmente distintos em Israel. Para dar apenas alguns dos exemplos mais conhecidos.
Um Estado democrático, republicano, é um Estado laico e não religioso, nem étnico. Que não estabelece diferenças nos direitos pelas opções privadas das pessoas. Ao contrário, garante os direitos às opções privadas das pessoas. Nestas deve haver a maior liberdade, com o limite de que não deve prejudicar a liberdade dos outros de fazerem suas opções individuais e coletivas.
Por razões de sua religião, pessoas podem optar por não fazer aborto, por não se divorciar, por não ter relações sexuais senão para reprodução, por não se casar com pessoas do seu mesmo sexo. São opções individuais, que devem ser respeitadas, por mais que achemos equivocadas e as combatamos na luta de idéias. Mas nenhuma religião pode querer impor suas concepções aos outros – sejam de outras religiões ou humanistas.
A educação pública deve ser laica, respeitando as diferenças étnicas, religiosas, sexuais, de todos. Os que querem ter educação religiosa, devem tê-la em escolas religiosas, conforme o seu credo. Os recursos públicos devem ser destinados para as escolas públicas.
Da mesma forma a saúde pública deve atender a todos, conforme suas opções individuais, sem prejudicar os direitos dos outros.
A Teologia da Libertação é um importante meio de despertar consciência social nos religiosos, como alternativa à visão tradicional, que favorece a resignação (esta vida como “vale de lágrimas”, o sofrimento como via de salvação). Mas não pode tentar impor visões religiosas a toda a sociedade que, democrática, não opta por nenhuma religião. Os religiosos devem orientar seus fieis, conforme suas crenças, mas não devem tentar impor aos outros suas crenças.
Religião e política são coisas diferentes. A opção religiosa ou humanista é uma opção individual, da mesma forma que as identidades sexuais, as origens étnicas ou outras dessa ordem.
Misturar religião com política, ter Estados religiosos – Irã, Israel, Vaticano, como exemplos – desemboca em visões ditatoriais, até mesmo totalitárias. Na democracia, os direitos individuais e coletivos devem ser garantidos para todos, igualmente. Ninguém deve ter mas direitos ou ser discriminado, por suas opções individuais ou coletivas, desde que não prejudique os direitos dos outros.
Que possamos ser diversos, desde que não prejudiquemos aos outros. Iguais, nos direitos e nas possibilidades de ser diferentes. Diferentes sim, desiguais, não.
Autor: Emir Sader
Fonte: Agência Carta Maior

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

A VONTADE (poesia)


A VONTADE

A vontade pode ter duas vertentes entre o verdadeiro e o falso,
sem negar a origem das convicções das interpretações do pensamento humano.
E mesmo negando, vejo que algo se afirma entre tantas contradições.
E de tudo o que já se falou, ainda proclamam nas praças ou em leis,
os valores para a sobrevivência .
E por mais que se tenha boa vontade
- e disso o inferno está cheio -
queira-me ouvir, portanto, que o demasiadamente humano
se aproxima do amor ao próximo.
Apesar de todo esforço e cansaço, tudo tem uma finalidade.
Na vontade de viver está a vontade de conhecer, de ser livre , de amar e ser feliz.
Ouçam, ainda, não devaneie numa perfeição do porvir,
mas em nome da vida e da felicidade é que devemos ser.
Fazes pleno o que tens de fazer.
Basta! Basta de opressão!
Por que ainda há tanta humilhação?
Somos pequenos, mas somos intensos.
Diante da totalidade o que é o nada?
O vir-a-ser é uma vontade.
A causa da esperança é a vontade de viver.
Dificilmente pensamos no que falamos e assim agimos,
mas, muitas vezes falamos sem pensar e nem agimos,
outras vezes, agimos sem pensar e só falamos.
Nossos pensamentos são asas para a essência do infinito,
assim como nossos pés são raízes que fundamentam no limite do chão.
Não somos uma margem, somos horizontes em expansão.
Em tudo que você faz, faça pleno.


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ORÁCULO


Certa vez ouvi um Oráculo
anunciando o mistério velado
com palavras de várias culturas 
divulgando lugares sagrados
de nossos antepassados
que buscaram numa promessa
as respostas do nosso ser.
O caminho que percorremos na história
exige uma decisão precisa
E às vezes sem resposta
urge as paixões.
A vontade e o desejo
unem sentimentos.
Doam-se de coração.
E nos caminhos percorridos
o ser que somos transcende
os pensamentos mais profundos
até o último suspiro.
Apesar de tudo, resta a promessa.
E em nós reside o Oráculo de resposta.
Ouça o Espírito.