Judaísmo
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Judaísmo (em hebraico יהדות, transl. Yahadút) é o nome dado à religião do povo judeu, a mais antiga das três principais religiões monoteístas (as outras duas são o cristianismo e o islamismo).
Surgido da religião mosaica, o judaísmo, apesar de suas ramificações, defende um conjunto de doutrinas que o distingue de outras religiões: a crença monoteísta em YHWH (às vezes chamado Adonai ("Meu Senhor"), ou ainda HaShem ("O Nome") - ver Nomes de Deus no Judaísmo) como criador e Deus e a eleição de Israel como povo escolhido para receber a revelação da Torá que seriam os mandamentos deste Deus. Dentro da visão judaica do mundo, Deus é um criador ativo no universo e que influencia a sociedade humana, na qual o judeu é aquele que pertence a uma linhagem com um pacto eterno com este Deus.
Há diversas tradições e doutrinas dentro do judaísmo, criadas e desenvolvidas conforme o tempo e os eventos históricos sobre a comunidade judaica, os quais são seguidos em maior ou em menor grau pelas diversas ramificações judaicas conforme sua interpretação do judaísmo. Entre as mais conhecidas encontra-se o uso de objetos religiosos como o quipá, costumes alimentares e culturais como cashrut, brit milá e peiot ou o uso do hebraico como língua litúrgica.
Ao contrário do que possa parecer, um judeu não precisa seguir necessariamente o judaísmo ainda que o judaísmo só possa ser necessariamente praticado por judeus. Hoje o judaísmo é praticado por cerca de treze milhões de pessoas em todo o mundo (2007).[1] Da mesma forma, o judaísmo não é uma religião de conversão, efetivamente respeita a pluralidade religiosa desde que tal não venha a ferir os mandamentos do judaísmo. Alguns ramos do judaísmo defendem que no período messiânico todos os povos reconhecerão YHWH como único Deus e submeter-se-ão à Torá.
Etimologia
O termo "judaísmo" veio ao português pelo termo grego Ιουδαϊσμός (transl. Iudaïsmós), que, por sua vez, designava algo ou alguém relacionado ao topônimo Judá - em grego Ιούδα (transl. Iúda), e em hebraico יהודה (transl. Yehudá).Origem e história do judaísmo
Ainda que seja intimamente relacionada à história do povo judeu, a história do judaísmo se distingue por enfatizar somente a evolução da religião e como esta influenciou o povo judeu e o mundo.
Ramificações do judaísmo
O judaísmo rabínico, surgido do movimento dos fariseus após a destruição do Segundo Templo, e que aceita a tradição oral além da Torá escrita, é o único que hoje em dia é reconhecido como judaísmo, e é comumente dividido nos seguintes movimentos:
- Judaísmo ortodoxo - considera que a Torá foi escrita por Deus que a ditou a Moisés, sendo as suas leis imutáveis. Os judeus ortodoxos consideram o Shulkhan Arukh (compilação das leis do Talmude do século XVI, pelo rabino Yosef Karo) como a codificação definitiva da lei judaica. O judaísmo ortodoxo exprime-se informalmente através de dois grupos, o judaísmo moderno ortodoxo e o judaísmo haredi. Esta última forma é mais conhecida como "judaísmo ultraortodoxo", mas o termo é considerado ofensivo pelos seus adeptos. O judaísmo chassídico é um subgrupo do judaísmo haredi.
- Judaísmo conservador - fora dos Estados Unidos é conhecido por judaísmo Masorti. Desenvolveu-se na Europa e nos Estados Unidos no século XIX, em resultado das mudanças introduzidas pelo Iluminismo e a Emancipação dos Judeus. Caracteriza-se por um compromisso em seguir as leis e práticas do judaísmo tradicional, como o Shabat e o cashrut, uma atitude positiva em relação à cultura moderna e uma aceitação dos métodos rabínicos tradicionais de estudo das escrituras, bem como o recurso a modernas práticas de crítica textual. Considera que o judaísmo não é uma fé estática, mas uma religião que se adapta a novas condições. Para o judaísmo conservador, a Torá foi escrita por profetas inspirados por Deus, mas considera não se tratar de um documento da sua autoria.
- Judaísmo reformista - formou-se na Alemanha em resposta ao Iluminismo. Rejeita a visão de que a lei judaica deva ser seguida pelo indivíduo de forma obrigatória, afirmando a soberania individual sobre o que observar. De início este movimento rejeitou práticas como a circuncisão, dando ênfase aos ensinamentos éticos dos profetas; as orações eram realizadas na língua vernácula. Hoje em dia, algumas congregações reformistas voltaram a usar o hebraico como língua das orações; a brit milá é obrigatória e a cashrut, estimulada.
- Judaísmo reconstrucionista: formou-se entre as décadas de 20 e 40 do século XX por Mordecai Kaplan, um rabino inicialmente conservador que mais tarde deu ênfase à reinterpretação do judaísmo em termos contemporâneos. À semelhança do judaísmo reformista não considera que a lei judaica deva ser suprema, mas ao mesmo tempo considera que as práticas individuais devem ser tomadas no contexto do consenso comunal.
Doutrinas do judaísmo
Surgiram variadas formulações das crenças judaicas, a maioria das quais com muito em comum entre si, mas divergentes em vários aspectos. Uma comparação entre várias dessas formulações mostra um elevado grau de tolerância pelas diferentes perspectivas teológicas. O que se segue é um sumário das crenças judaicas. Uma discussão mais detalhada destas crenças, acompanhada por uma discussão sobre as suas origens, pode ser encontrada no artigo sobre os princípios de fé judaicos.Monoteísmo
O princípio básico do judaísmo é a unicidade absoluta de YHWH como Deus e criador, onipotente, onisciente, onipresente, que influencia todo o universo, mas que não pode ser limitado de forma alguma (o que carateriza em idolatria, o pecado mais mortal de acordo com a Torá). A afirmação da crença no monoteísmo manifesta-se na profissão de fé judaica conhecida como Shemá. Assim qualquer tentativa de politeísmo é fortemente rechaçada pelo judaísmo, assim como é proibido seguir ou oferecer prece à outro que não seja YHWH.Conforme o relacionamento de YHWH com Israel, o judaísmo enfatiza certos aspectos da divindade chamando-o por títulos diferenciados (ver Nomes de Deus no Judaísmo).
O judaísmo posterior ao exílio no entanto assumiu a existência de uma corte espiritual na qual Deus seria uma espécie de rei, o qual controlaria seres para execução de sua vontade (anjos). Esta visão era aceita pelos fariseus e passada para o posterior judaísmo rabínico, mas no entanto desprezada pelos saduceus.
A Revelação
O judaísmo defende uma relação especial entre Deus e o povo judeu, manifesta através de uma revelação contínua de geração a geração. O judaísmo crê que a Torá é a revelação eterna dada por Deus aos judeus. Os judeus rabinitas e caraítas também aceitam que homens através da história judaica foram inspirados pela profecia, sendo que muitas das quais estão explícitas nos Neviim e nos Kethuvim. O conjunto destas três partes formam as Escrituras Hebraicas conhecidas como Tanakh.A profecia dentro do judaísmo não tem o caráter exclusivamente adivinhatório como assume em outras religiões, mas manifestava-se na mensagem da Divindade para com seu povo e o mundo, que poderia assumir o sentido de advertência, julgamento ou revelação quanto à Vontade da Divindade. Esta profecia tem um lugar especial desde o princípio do mosaismo, seguindo pelas diversas escolas de profetas posteriores (que serviam como conselheiros dos reis) e tendo seu auge com a época dos dois reinos. Oficialmente se reconhece que a época dos profetas encerra-se na época do exílio babilônico e do retorno a Judá. No entanto o judaísmo reconheceu diversos profetas durante a época do Segundo Templo, e durante o posterior período rabínico.
Metafísica
Conceitos de vida e morte
O entendimento dos conceitos de corpo, alma e espírito no judaísmo varia conforme as épocas e as diversas seitas judaicas. O Tanach não faz uma distinção teológica destes, usando o termo que geralmente é traduzido como alma (néfesh) para se referir à vida e o termo geralmente traduzido como espírito (ruakh) para se referir a fôlego. Deste modo, as interpretações dos diversos grupos são muitas vezes conflitantes, e muitos estudiosos preferem não discorrer sobre o tema.Ressurreição e a vida além-morte
Nas atuais correntes do judaísmo, as afirmações sobre o que acontece após a morte são postulados e não afirmações, e varia-se a interpretação dada ao que ocorre na morte e se existe ou não ressurreição. A maioria das correntes crê em uma ressurreição no mundo vindouro (Olam Habá), incluindo os caraítas, enquanto outra parcela do judaísmo crê na reencarnação, e o sentido do que seja ressurreição ou reencarnação varia de acordo com a ramificação.
Cabalá
Quem é considerado judeu
Um judeu que deixe de praticar o judaísmo e se transforme num judeu não-praticante continua a ser considerado judeu. Um judeu que não aceite os princípios de fé judaicos e se torne agnóstico ou ateu também continua a ser considerado judeu.
No entanto, se um judeu se converte a outra religião, como o budismo ou o cristianismo, ou ainda, que se afirma judeu messiânico (ramificação protestante que defende Jesus como o messias para os judeus) perde o lugar como membro da comunidade judaica tradicional e transforma-se num apóstata. Segundo a tradição, a sua família e amigos tomam luto por ele, pois para um judeu abandonar a religião é como se morresse (nem sempre isto ocorre, mas a pessoa é tida como alguém não pertencente à comunidade)[carece de fontes]. Esta pessoa, caso pretenda retornar ao judaísmo, não precisa se converter, de acordo com a maior parte das autoridades em lei judaica.
As pessoas que desejam se converter ao judaísmo devem aderir aos princípios e tradições judaicas. Os homens têm de passar pelo ritual do brit milá (circuncisão). Qualquer converso tem de passar ainda pelo ritual da mikvá ou banho ritual. Os judeus ortodoxos reconhecem apenas conversões feitas por seus tribunais rabínicos, seja em Israel ou em outros locais. As comunidades reformistas e liberais também exigem a adesão aos princípios e tradições judaicos, o brit milá e a mikvá, de acordo com os critérios estipulados em cada movimento.
Enquanto as conversões autorizadas por tribunais rabínicos ortodoxos são aceitas como válidas por todas as correntes do judaísmo, aquelas feitas de acordo com as correntes Reformista ou Conservadora são aceitas no Estado de Israel e em todas as comunidades judaicas não-ortodoxas no mundo inteiro (mais de 80% dos judeus do planeta), mas rejeitadas pelo movimento ortodoxo.
Ciclo de vida judaico
- Brit milá - As boas-vindas dos bebés do sexo masculino à aliança através do ritual da circuncisão.
- Zeved habat - As boas-vindas dos bebés do sexo feminino na tradição sefardita.
- B'nai Mitzvá - A celebração da chegada de uma criança à maioridade, e por se tornar responsável, daí em diante, por seguir uma vida judaica e por seguir a halakhá.
- Casamento judaico
- Shiv'á - O judaísmo tem práticas de luto em várias etapas. À primeira etapa (observada durante uma semana) chama-se shiv'á, à segunda (observada durante um mês) chama-se sheloshim e, para aqueles que perderam um dos progenitores, existe uma terceira etapa, a avelut yod bet chódesh, que é observada durante um ano.
Vida comunitária
Vida comunitária judaica é o nome dado à organização das diferentes comunidades judaicas no mundo. Há variações de locais e costumes mas geralmente as comunidades contam com um sistema de regras comunais e religiosas, um conselho para julgamento e um centro comunal com local para estudo. No entanto, a família é considerada o principal elemento da vida comunitária judaica, o que ao lado do mandamento de Crescei e multiplicai leva ao desestímulo de práticas ascéticas como o celibato apesar da existência através da história de algumas seitas judaicas que promovessem esta renúncia.Sinagoga
Cherem
Cultura judaica
Vestimentas
O judaísmo possui algumas tradições religiosas e culturais em relação à vestimentas, dentre as quais podemos destacar :Calendário judaico
Diversas festividades são baseados neste calendário: pode-se dar ênfase às festividades de Rosh Hashaná, Pessach, Shavuót, Yom Kipur e Sucót. As diversas comunidades também seguem datas festivas ou de jejum e oração conforme suas tradições. Com a criação do Estado de Israel diversas datas comemorativas de cunho nacional foram incorporadas às festividades da maioria das comunidades judaicas.
Língua hebraica
Crença messiânica e escatologia judaica
Messias
A maior parte dos judeus crê no Messias como um homem judeu, filho de um homem e de uma mulher, (em algumas ramificações é considerado que viria da tribo de Yehudá e da descendência do rei David, uma herança do sentimento nacionalista que regulou a vida judaica pós-exílio) que reinará sobre Israel, reconstruirá a nação fazendo com que todos os judeus retornem à Terra Santa e unirá os povos em uma era de paz e prosperidade sob o domínio de YHWH.
Algumas ramificações judaicas (reformistas) crêem no entanto que a era messiânica não envolva necessariamente uma pessoa, mas sim que se trate de um período de paz, prosperidade e justiça na humanidade. Dão por isso particular importância ao conceito de "tikkun olam", "reparar o mundo", ou seja, a prática de uma série de actos que conduzem a um mundo socialmente mais justo.
Literatura do judaísmo
Os diversos eventos da história judaica levaram a uma valorização do estudo e da alfabetização dos membros da comunidade judaica. Na Diáspora a busca de conexão com o judaísmo e a busca de não-assimilação com os costumes gentílicos levaram a uma ênfase na necessidade da educação e alfabetização desde a infância, pelo que na maior parte das comunidades judaicas o analfabetismo é praticamente inexistente. Este pensamento levou à criação de uma vasta literatura principalmente de uso religioso.Dentro do judaísmo, a escritura mais importante é a Torá, que seria o livro contendo o conjunto de histórias da origem do mundo, do homem e do povo de Israel, assim como os mandamentos de obediência a Deus. Para a maior parte das ramificações judaicas, acrescenta-se a história de Israel e as palavras dos profetas israelitas até a construção do Segundo Templo, com sua literatura relacionada, que compiladas na época do retorno de Babilônia, constituíram o que conhecemos como Tanakh, conhecido pelos não-judeus como Antigo Testamento.
Os judeus rabinitas crêem que Moisés recebeu além da Torá escrita, uma tradição oral que serviria como um complemento da primeira, e que seria passada de geração à geração desde Moisés, e que viria a ser compilada no século IV d.C. como o Talmude. Os judeus caraítas recusam estes textos .
Cada ramificação tem seus próprios textos e livros.
Literatura rabínica
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- O Mishná com comentários.
- Os Talmudes de Jerusalém e Babilónico e respectivos comentários.
- O Toseftá.
- O Midrash de Halakhá e de Aggadá.
- Códigos de Lei e Costume Judaicos.
- A Mishné Torá com comentários.
- O Tur com comentários.
- O Shulkhan Arukh com comentários.
- Responsa.
- Pensamento e ética judaicas.
- Filosofia judaica.
- Ética judaica e Movimento mussar.
- Cabalá.
- Judaísmo Chasídico / Hassidismo.
- Poesia judaica clássica (Piyyut).
- Liturgia judaica, incluindo o Siddur.
Judaísmo e o mundo
Judeus e não-judeus: as leis de Noé
Judaísmo e Cristianismo
Apesar do Cristianismo defender uma origem judaica, o judaísmo considera o cristianismo uma religião pagã. Apesar da existência de judeus convertidos ao Cristianismo e outras religiões, não existe nenhuma forma de judaísmo que aceite as doutrinas do Cristianismo como a divindade de Jesus ou a crença em seu caráter messiânico (ver Religiosidade judaica e Judaísmo messiânico). Algumas ramificações tentaram ver Jesus como um profeta ou um rabino famoso, mas hoje esta visão também é descartada pela maioria dos judeus.Existem diversos artigos sobre a relação entre o judaísmo e o cristianismo. Esses artigos incluem:
- Comparando e contrastando o judaísmo e o cristianismo.
- Tradição judaico-cristã.
- Cristianismo e anti-semitismo.
Tentativas por parte de grupos religiosos cristãos (principalmente de origem evangélica) de conversão ao judaísmo são desprezadas e condenadas pelos grupos religiosos judaicos.
Judaísmo e islamismo
O islamismo toma diversas de suas doutrinas do judaísmo, sendo que as duas religiões mantêm seu intercâmbio religioso desde a época de Maomé, com períodos de tolerância e intolerância de ambas as partes. É especialmente significativo o período conhecido como Idade de Ouro da cultura judaica, entre 900 a 1200 na Espanha muçulmana. Também deve enfatizar-se o atual conflito entre parte da população muçulmana e os judeus devido à questão do controle de Jerusalém e outros pontos políticos, históricos e culturais.O islão reconhece os judeus como um dos povos do Livro, apesar de acreditarem que os judeus sigam uma Torá corrompida. Já o judaísmo não crê em Maomé como profeta e não aceitam diversos mandamentos do islão.
FÉ DE MAIMÔNIDES
http://pt.wikipedia.org/wiki/Princ%C3%ADpios_de_f%C3%A9_judaicos
MAIMÔNIDES: O RAMBAM
http://www.chabad.org.br/biblioteca/artigos/rambam/home.html
Ola!
ResponderExcluirConheças os novos livros sobre Judaimo e Mistica.
Livros dos Rabino Shimshon e Chaim Bisker
Tudo de Bom