REVOLUÇÃO COM ESPIRITUALIDADE
NA LIBERTAÇÃO DO POVO HEBREU
Jonas Serafim
A libertação do povo hebreu que viveu sob a opressão do Faraó no Egito (Ex 1,11-14) remonta uma caminhada ao longo da história que nos convida a retomar em nosso contexto uma atitude contra a opressão do capitalismo.
Muitas comunidades, associações e sindicatos se encontram numa resistência semelhante às parteiras que foram obrigadas a matar os meninos hebreus que nascessem para evitar o aumento de um contingente israelita a ponte de confrontar o Faraó. Na verdade, as parteiras resistiram e desobedeceram a ordem do Faraó (Ex 1,15-22). Às vezes, isto não acontece em muitas organizações populares. O poder de um governo manda e desmanda sobre uma sociedade inteira e o que fica é o resultado de uma opressão.
Moisés foi um líder revolucionário que se sustentou na espiritualidade. Hoje é preciso compreender que espiritualidade retome o caráter revolucionário. Moisés saiu de si para o encontro do outro, viu o sentido da irmandade no meio do sofrimento, viu que ninguém fazia nada contra a opressão e reagiu em favor da libertação (Ex 2,11-15). Esta vivência radical de Moisés aconteceu ao lado da espiritualidade quando lemos a realidade percebendo os gemidos que Deus ouviu no clamor dos oprimidos, viu a miséria do seu povo, conheceu a realidade miserável e de angústia, desceu para ficar ao lado dos mais necessitados a fim de libertá-los e fazer subir para uma terra livre e digna de se viver (EX 3,7-10). Foi neste contexto que Moisés se sentiu chamado e enviado para sair de si e ir ao encontro do seu povo que precisava de uma vida livre e fraterna.
Alguns sinais são percebidos quando é chegado à hora da defesa ou ataque. Em nossa sociedade contemporânea o modo de produção capitalista não para de atacar e de se defender. Quanto às comunidades populares é preciso estar bem organizadas para reagirem contra um sistema extremamente desumano. A corrupção, o suborno e o individualismo têm levado alguns pseudos-líderes da base do povo para um patamar mais elevado da sociedade e terminam massacrando o povo de onde tirou proveito para almejar seus próprios interesses e não ao bem-comum da comunidade. Moisés, Aarão, Josué e Calebe souberam compreender os sinais do seu tempo, mas o Faraó não (Ex 7 – 11; Nm 13).
O confronto com o poder opressor começa com um processo de negociação. Quando não existe mais diálogo para negociar a realidade muda e a situação exige unidade. Se houver unidade permanente haverá vitória. É um trabalho de formiga, exige paciência e vigor. Os israelitas passaram 430 anos sob o domínio egípcio (Ex 12,37-42). No decorrer do tempo aprenderam a lutar para viver dignamente e em comunidade. Organizaram lideranças combatendo a centralização do poder (Ex 18,13-27).
A caminhada de libertação passa pela aprendizagem do deserto dos sofrimentos com o outro, e é o que conduz para uma aliança fraterna. Aqui jaz nossa mensagem e manifesto.
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