Experiência de quase-morte
Origem:
O termo experiência de quase-morte ou EQM refere-se a um conjunto de visões e sensações frequentemente associadas a situações de morte iminente por motivo de hipóxia cerebral (geralmente derivadas de paradas cardiorrespiratórias), sendo as mais divulgadas o efeito-túnel e a experiência fora-do-corpo (EFC ou OOBE, também denominada autoscopia). O termo "experiência de quase-morte", em francês "expérience de mort imminente" foi proposto pelo psicólogo e epistemólogo francês Victor Egger em 1896 em "Le moi des mourants" como resultado das discussões no final século XIX entre filósofos e psicólogos, relativo as histórias de escaladores sobre a revisão panorâmica da vida durante quedas[1] As EQM foram popularizados com o trabalho do psiquiatra Raymond Moody em seu livro Vida Depois da Vida, escrito em 1975 sob o nome de Near-death experiences (NDEs), repetindo a frase já proposta por Victor Egger.[2]
Muito se estuda sobre as experiências de quase-morte mas não existe consenso científico e nem prova científica sobre o significado e a causa desses fenômenos. Vários médicos, parapsicólogos, cientistas e espiritualistas em geral, apontam as experiências como provas da experiência fora-do-corpo (OOBE) e da vida após a morte, por outro lado, as experiências de quase-morte são descritas nas revistas médicas, na maioria das vezes, como tendo as características de alucinações.
Um túnel de luz numa tela de Bosch, tipificando uma visão recorrente em experiências de quase-morte.
As pessoas que viveram o fenômeno relatam, geralmente, uma série de experiências comuns, descritas nos estudos de Elizabeth Kubler-Ross (1967), tais como:
um sentimento de paz interior;
a sensação de flutuar acima do seu corpo físico;
a impressão de estar em um segundo corpo, distinto do corpo físico;
a percepção da presença de pessoas à sua volta;
a visão de seres espirituais;
visão de 360º;
sensação de que o tempo passa mais rápido ou mais devagar;
ampliação de vários sentidos;
a sensação de viajar através de um túnel intensamente iluminado no fundo (efeito túnel).
Nesse espaço, a pessoa que vive a EQM percebe a presença do que a maioria descreve como um "ser de luz", embora seu significado possa variar conforme os arquétipos culturais, a filosofia ou a religião pessoal. O portal entre essas duas dimensões é também descrito como a fronteira entre a vida e a morte. Por vezes, alguns pacientes que viveram essa experiência relatam que tiveram de decidir se queriam ou não regressar à vida física. Muitas vezes falam de um campo, uma porta, uma sebe ou um lago, como uma espécie de barreira que, se atravessada, implicaria não regressarem ao seu corpo físico.
Com a multiplicação de referências a acontecimentos comparáveis à experiência de quase-morte, iniciou-se uma nova corrente, em que diversos pesquisadores de todo o mundo deram início à discussão e à análise do fenômeno de forma mais aberta. Grupos da comunidade médica passaram a olhar para a morte e a sobrevivência da consciência sob uma nova perspectiva, como ocorre, por exemplo, na Associação Brasileira de Medicina Psicossomática. Enquanto existem observadores que atribuem esse fenômeno a experiências espirituais, outros recorrem a teorias como alucinação, memória genética ou a simbolização do nascimento biológico.
Mudanças psicológicas e comportamentais
Após a experiência de quase-morte, muitas pessoas declaram terem alterado seus pontos de vista em relação ao mundo e às outras pessoas. As mudanças comportamentais geralmente são significativamente positivas, e o principal fator para a mudança é a perda do medo da morte (tanatofobia). Em geral, a pessoa diz enxergar o mundo de maneira mais vívida, ser inundada por sentimentos de bondade e amor ao próximo, ter vontade de ajudar os necessitados, sentir abertura a uma forma de religiosidade não-dogmática e a crenças orientais como a reencarnação, aceitar-se mais e aceitar mais os outros, perder o sentido de importância do ego e se preocupar menos com as opiniões dos outros. Essas pessoas alegam que passaram a valorizar mais as suas vidas e as dos outros, reavaliaram os seus valores, a ética e as prioridades habituais e tornaram-se mais serenas e confiantes.
Investigação científica
Até recentemente, este fenômeno era considerado pela ciência um assunto vulgar, fruto de lendas, crendice popular ou religiosidade. No entanto, na década de 1970, pesquisas como a do Dr. Raymond Moody e a da Dra. Elizabeth Kubler-Ross, principalmente após a publicação dos livros Vida Depois da Vida e Sobre a Morte e o Morrer, respectivamente, levaram ao início de uma corrente de pesquisas em todo o mundo sobre o fenômeno.
Estudos realizados em hospitais, entre sobreviventes de paradas cardíacas, em que se observou que o fenômeno ocorre em cerca de 11% dos pacientes[4], incluindo os do cardiologista holandês Pim Van Lommel [5] [6], demonstram também que os fatos são possivelmente explicáveis pela falta de oxigênio no cérebro [7] [8] [9], em pacientes nos quais a morte encefálica não foi comprovada[10]. As descrições de experiências de quase-morte podem ser parcialmente reproduzidas por medicações como a quetamina[11] ou por indução de hipóxia cerebral por alta gravidade[12], incluindo visão em túnel, comunhão com Deus, saída do corpo e alucinações. Fenômenos semelhantes ocorrem em algumas formas de epilepsia e AVC. Mas as explicações biológicas perdem força ao se considerarem os fenômenos de percepção extrassensorial alegados por muitos sobreviventes EQM.
As investigações científicas sobre assuntos relacionados com o pós-morte sempre existiram e foram diversas vezes motivo de debate acadêmico [13] [14] [15]. Mesmo com tanto interesse e a presença de numerosos relatos anedóticos, ainda não há qualquer comprovação científica que suporte essa teoria, portanto ainda é uma hipótese não-verificada. Os modelos biológicos tanto podem significar que se trata de uma alucinação como que o cérebro pode conter algum mecanismo para perceber um mundo espiritual à nossa volta. Os estudos em neurociência e neuroteologia prosseguem.
A experiência de quase-morte é muito semelhante às experiências místicas de diversas tradições, como nos livros de Teresa de Ávila.
Um relato intrigante descrito por Moody em seu livro Luz do Além " Uma mulher de setenta anos, cega, desde os dezoito, foi capaz de descrever com detalhes vívidos, enquanto os médicos tentavam ressuscitá-la de um ataque do coração. Ela conseguia dar boa descrição dos instrumentos que foram utilizados e até mesmo de suas cores. Além de tudo isso, ela ainda disse ao médico que ele usava jaleco azul quando começou a ressuscitá-la". Acontece que falta a Ciência a coragem de questionar sues métodos para que possa entender fenômenos subjetivos que transcendem o reducionismo materialista.
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