DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO:
O DESAFIO DA ACOLHIDA DA DIFERENÇA
Faustino Teixeira
PPCIR-UFJF/ Iser-Assessoria
“De algo sempre haveremos de morrer, mas já se perdeu a conta aos seres
humanos mortos das piores maneiras que seres humanos foram capazes de
inventar. Uma delas, a mais criminosa, a mais absurda, a que mais ofende a
simples razão, é aquela que, desde o princípio dos tempos e das civilizações, tem
mandado matar em nome de Deus”
(José Saramago)
Introdução
O diálogo inter-religioso constitui neste início do século XXI um dos desafios mais
imprescindíveis para a humanidade. Tem-se falado inúmeras vezes que a paz entre
as religiões constitui condição fundamental para a paz no mundo. Infelizmente, este
horizonte de fraternidade e diálogo encontra-se ainda bem distanciado. O quadro do
tempo atual é revelador de um espectro de violência e fascínio do mal. Tal cenário
revela-se ainda mais doloroso ao se perceber a presença e o lugar da religião nos
embates e conflitos contemporâneos. Desde as últimas décadas tem-se verificado
“um surpreendente surto de violência condicionada pela religião. Em todos os
continentes surgiram conflitos étnicos, nacionais ou sociais, onde a religião
desempenhou um papel fatídico”1. Trata-se de uma realidade que tem levado
alguns intelectuais a sinalizar a impossibilidade de uma aproximação ou
congraçamento dos seres humanos através das religiões e a proclamar a vinculação
entre religião e violência. Denuncia-se o “fator Deus” ou as violências que ocorrem
“em nome de Deus”, abrindo corações e mentes para as intolerâncias mais
sórdidas.2
O discurso teológico sobre a força ética das religiões esbarra muitas vezes na
dinâmica concreta e histórica das agressões, fanatismos, ódios e hostilidades interreligiosas. Em muitos casos, as posturas de intransigência e exclusão apoiam-se em
sentimentos arraigados de superioridade, arrogância identitária e pretensão
exclusiva de verdade, que impossibilitam qualquer exercício de fraternidade
recíproca. Há um traço de ambigüidade ou enigma que atravessa todas as religiões,
implicando a presença de um dualismo que pode possibilitar tanto a afirmação de
humanidade, como o acirramento da violência.3 Em razão de sua inserção histórica,
as religiões podem, contrariando a sua motivação original, exercer uma
“instrumentalização do sagrado” em favor da afirmação de seu poder particular com
respeito aos outros.
ccr 6cm os textos sagrados serve para saber um pouco mas das religiao.
ResponderExcluirthais castelo ccr 6cm os textos sagrados serve para saber e aprender mais sobre as religiao.
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