quarenta padres participantes do Concílio Vaticano II, entre eles muitos
bispos latino-americanos e brasileiros, no dia 16 de novembro de 1965,
pouco antes da conclusão do concílio. Este documento foi firmado após
a eucaristia naCatacumba de Domitila.
bispos latino-americanos e brasileiros, no dia 16 de novembro de 1965,
pouco antes da conclusão do concílio. Este documento foi firmado após
a eucaristia naCatacumba de Domitila.
Por este documento de 13 itens, os signatários comprometeram-se a levar
uma vida de pobreza, rejeitar todos os símbolos ou os privilégios do poder
e a colocar os pobres no centro do seu ministério pastoral.
Comprometeram-se também com a colegialidade e com a co-responsabilidade
da Igreja como Povo de Deus, e com a abertura ao mundo e a acolhida fraterna.[1]
Um dos proponentes do pacto foi Dom Hélder Câmara. Este pacto influenciou
a nascente teologia da libertação e os rumos da Segunda Conferência Geral do
Episcopado Latino-Americano, realizada em Medellín.[2]
uma vida de pobreza, rejeitar todos os símbolos ou os privilégios do poder
e a colocar os pobres no centro do seu ministério pastoral.
Comprometeram-se também com a colegialidade e com a co-responsabilidade
da Igreja como Povo de Deus, e com a abertura ao mundo e a acolhida fraterna.[1]
Um dos proponentes do pacto foi Dom Hélder Câmara. Este pacto influenciou
a nascente teologia da libertação e os rumos da Segunda Conferência Geral do
Episcopado Latino-Americano, realizada em Medellín.[2]
Os bispos brasileiros signatários do pacto foram Dom Antônio Fragoso,
Mota e Albuquerque, arcebispo da Arquidiocese de Vitória, ES,
o Pe. Luiz Gonzaga Fernandes sagrado bispo auxiliar de Vitória dias depois,
Dom Jorge Marcos de Oliveira, da diocese de Santo André, SP,
Dom Helder Camara, Dom Henrique Golland Trindade, OFM,
arcebispo da arquidiocese de Botucatu, SP, Dom José Maria Pires,
No dia 16 de novembro de 1965, há 47 anos, poucos dias antes
do encerramento do
do encerramento do
cerca de 40 padres conciliares celebraram uma Eucaristia nas
Catacumbas de Domitila,
Catacumbas de Domitila,
em Roma, pedindo fidelidade ao Espírito de Jesus. Depois dessa
celebração, assinaram
celebração, assinaram
O documento é um desafio aos "irmãos no Episcopado" a levar
adiante uma "vida de pobreza",
adiante uma "vida de pobreza",
uma Igreja "serva e pobre", como sugerira o Papa João XXIII.
Os signatários – entre eles muitos brasileiros e latino-americanos,
embora muitos outros aderiram
Os signatários – entre eles muitos brasileiros e latino-americanos,
embora muitos outros aderiram
ao pacto mais tarde – se comprometiam a viver em pobreza,
a renunciar a todos os símbolos ou
a renunciar a todos os símbolos ou
privilégios do poder e a pôr os pobres no centro do seu ministério
pastoral. O texto teve uma forte
pastoral. O texto teve uma forte
influência sobre a Teologia da Libertação, que surgiria nos anos
seguintes.
Um dos signatários e propositores do pacto foi Dom Helder Câmara.
Eis o texto.
Pacto das Catacumbas da Igreja serva e pobre
Nós, Bispos, reunidos no Concílio Vaticano II, esclarecidos sobre
as deficiências de nossa
seguintes.
Um dos signatários e propositores do pacto foi Dom Helder Câmara.
Eis o texto.
Pacto das Catacumbas da Igreja serva e pobre
Nós, Bispos, reunidos no Concílio Vaticano II, esclarecidos sobre
as deficiências de nossa
vida de pobreza segundo o Evangelho; incentivados uns pelos outros,
numa iniciativa em que
numa iniciativa em que
cada um de nós quereria evitar a singularidade e a presunção;
unidos a todos os nossos
unidos a todos os nossos
Irmãos no Episcopado; contando sobretudo com a graça e a força
de Nosso Senhor Jesus Cristo,
de Nosso Senhor Jesus Cristo,
com a oração dos fiéis e dos sacerdotes de nossas respectivas dioceses;
colocando-nos,
colocando-nos,
pelo pensamento e pela oração, diante da Trindade, diante da Igreja
de Cristo e diante dos
de Cristo e diante dos
sacerdotes e dos fiéis de nossas dioceses, na humildade e na consciência
de nossa fraqueza,
de nossa fraqueza,
mas também com toda a determinação e toda a força de que Deus nos
quer dar a graça,
quer dar a graça,
comprometemo-nos ao que se segue:
1) Procuraremos viver segundo o modo ordinário da nossa população,
no que concerne à habitação,
1) Procuraremos viver segundo o modo ordinário da nossa população,
no que concerne à habitação,
à alimentação, aos meios de locomoção e a tudo que daí se segue.
Cf. Mt 5,3; 6,33s; 8,20.
2) Para sempre renunciamos à aparência e à realidade da riqueza,
especialmente no traje
Cf. Mt 5,3; 6,33s; 8,20.
2) Para sempre renunciamos à aparência e à realidade da riqueza,
especialmente no traje
(fazendas ricas, cores berrantes), nas insígnias de matéria preciosa
(devem esses signos ser,
(devem esses signos ser,
com efeito, evangélicos). Cf. Mc 6,9; Mt 10,9s; At 3,6. Nem ouro nem prata.
3) Não possuiremos nem imóveis, nem móveis, nem conta em banco, etc.,
em nosso próprio nome;
3) Não possuiremos nem imóveis, nem móveis, nem conta em banco, etc.,
em nosso próprio nome;
e, se for preciso possuir, poremos tudo no nome da diocese, ou das obras
sociais ou caritativas.
sociais ou caritativas.
Cf. Mt 6,19-21; Lc 12,33s.
4) Cada vez que for possível, confiaremos a gestão financeira e material em
nossa diocese a
4) Cada vez que for possível, confiaremos a gestão financeira e material em
nossa diocese a
uma comissão de leigos competentes e cônscios do seu papel apostólico,
em mira a sermos
em mira a sermos
menos administradores do que pastores e apóstolos. Cf. Mt 10,8; At. 6,1-7.
5) Recusamos ser chamados, oralmente ou por escrito, com nomes e títulos
que signifiquem a
5) Recusamos ser chamados, oralmente ou por escrito, com nomes e títulos
que signifiquem a
grandeza e o poder (Eminência, Excelência, Monsenhor...). Preferimos ser
chamados com o nome
chamados com o nome
evangélico de Padre. Cf. Mt 20,25-28; 23,6-11; Jo 13,12-15.
6) No nosso comportamento, nas nossas relações sociais, evitaremos aquilo
que pode parecer
6) No nosso comportamento, nas nossas relações sociais, evitaremos aquilo
que pode parecer
conferir privilégios, prioridades ou mesmo uma preferência qualquer aos ricos
e aos poderosos
e aos poderosos
(ex.: banquetes oferecidos ou aceitos, classes nos serviços religiosos).
Cf. Lc 13,12-14; 1Cor 9,14-19.
7) Do mesmo modo, evitaremos incentivar ou lisonjear a vaidade de quem quer
que seja, com vistas
Cf. Lc 13,12-14; 1Cor 9,14-19.
7) Do mesmo modo, evitaremos incentivar ou lisonjear a vaidade de quem quer
que seja, com vistas
a recompensar ou a solicitar dádivas, ou por qualquer outra razão. Convidaremos
nossos fiéis a
nossos fiéis a
considerarem as suas dádivas como uma participação normal no culto,
no apostolado e na ação
no apostolado e na ação
social. Cf. Mt 6,2-4; Lc 15,9-13; 2Cor 12,4.
8) Daremos tudo o que for necessário de nosso tempo, reflexão, coração,
meios, etc., ao serviço
8) Daremos tudo o que for necessário de nosso tempo, reflexão, coração,
meios, etc., ao serviço
apostólico e pastoral das pessoas e dos grupos laboriosos e
economicamente fracos e
economicamente fracos e
subdesenvolvidos, sem que isso prejudique as outras pessoas e
grupos da diocese.
grupos da diocese.
Ampararemos os leigos, religiosos, diáconos ou sacerdotes que o
Senhor chama a evangelizarem
Senhor chama a evangelizarem
os pobres e os operários compartilhando a vida operária e o trabalho.
Cf. Lc 4,18s; Mc 6,4; Mt 11,4s; At 18,3s; 20,33-35; 1Cor 4,12 e 9,1-27.
9) Cônscios das exigências da justiça e da caridade, e das suas
relações mútuas,
9) Cônscios das exigências da justiça e da caridade, e das suas
relações mútuas,
procuraremos transformar as obras de "beneficência" em obras sociais
baseadas na
baseadas na
caridade e na justiça, que levam em conta todos e todas as exigências,
como um humilde
como um humilde
serviço dos organismos públicos competentes. Cf. Mt 25,31-46;
Lc 13,12-14 e 33s.
10) Poremos tudo em obra para que os responsáveis pelo nosso
governo e pelos nossos
Lc 13,12-14 e 33s.
10) Poremos tudo em obra para que os responsáveis pelo nosso
governo e pelos nossos
serviços públicos decidam e ponham em prática as leis, as estruturas
e as instituições
e as instituições
sociais necessárias à justiça, à igualdade e ao desenvolvimento harmônico
e total do homem
e total do homem
todo em todos os homens, e, por aí, ao advento de uma outra ordem social,
nova, digna
nova, digna
dos filhos do homem e dos filhos de Deus. Cf. At. 2,44s; 4,32-35; 5,4;
2Cor 8 e 9 inteiros;
2Cor 8 e 9 inteiros;
1Tim 5, 16.
11) Achando a colegialidade dos bispos sua realização a mais evangélica
na assunção
11) Achando a colegialidade dos bispos sua realização a mais evangélica
na assunção
do encargo comum das massas humanas em estado de miséria física,
cultural e moral
cultural e moral
- dois terços da humanidade - comprometemo-nos:
- a participarmos, conforme nossos meios, dos investimentos
- urgentes dos episcopados
- das nações pobres;
- a requerermos juntos ao plano dos organismos internacionais,
- mas testemunhando
- o Evangelho, como o fez oPapa Paulo VI na ONU, a adoção de
- estruturas econômicas
- e culturais que não mais fabriquem nações proletárias num
- mundo cada vez mais rico,
- mas sim permitam às massas pobres saírem de sua miséria.
12) Comprometemo-nos a partilhar, na caridade pastoral, nossa vida
com nossos irmãos
com nossos irmãos
em Cristo, sacerdotes, religiosos e leigos, para que nosso ministério
constitua um verdadeiro
constitua um verdadeiro
serviço; assim:
- esforçar-nos-emos para "revisar nossa vida" com eles;
- suscitaremos colaboradores para serem mais uns animadores
- segundo o espírito,
- do que uns chefes segundo o mundo;
- procuraremos ser o mais humanamente presentes, acolhedores...;
- mostrar-nos-emos abertos a todos, seja qual for a sua religião.
- Cf. Mc 8,34s; At 6,1-7;
- 1Tim 3,8-10.
13) Tornados às nossas dioceses respectivas, daremos a conhecer
aos nossos diocesanos
aos nossos diocesanos
a nossa resolução, rogando-lhes ajudar-nos por sua compreensão,
seu concurso e suas preces.
Ajude-nos Deus a sermos fiéis.
seu concurso e suas preces.
Ajude-nos Deus a sermos fiéis.